Associação Portuguesa de Psicogerontologia

Cidades com semáforos mais lentos e menos calçadas

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Cidades com semáforos mais lentos e menos calçadas

“O tempo dos semáforos é feito para corredores olímpicos.” “Eu caí por causa do estado da calçada. Parti o ombro.” “Há muito poucos bancos… Fica-se cansado e precisamos de um lugar para nos sentarmos.” “Eu até consigo apanhar o autocarro, mas quando o motorista arranca dá um solavanco e caio.” As queixas são de idosos de cidades de todo o mundo e vão no mesmo sentido – o ritmo e o desenho das urbes não está preparado para pessoas com mobilidade reduzida, como os idosos.
Mas como fazer perceber isto a pessoas que não se imaginam na situação. O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, lembra um exercício feito pela rede das Cidades Amigas dos Idosos, uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde (à qual Lisboa aderiu em 2008), para sensibilizar para esta realidade. Numa espécie de processo de envelhecimento instantâneo colocaram-se polícias de rua com óculos sujos de vaselina, tampões nos ouvidos, pesos nas pernas e braços e arroz nos sapatos, para perceberem como é ver e ouvir mal e ter difi culdades em andar, pedindo-lhes depois para andarem pela cidade, refere Fernando Santo.
Como, a par do envelhecimento da população, em 2050, o mundo viverá cada vez mais em espaço urbano, refere Lurdes Quaresma, coordenadora do Plano Gerontológico Municipal de Lisboa, é urgente adaptar as cidades à população idosa. A vereadora da câmara lisboeta para a Habitação, Helena  Roseta, lembra que o centro de Lisboa já tem níveis de envelhecimento semelhantes a Trás-os-Montes e os problemas estão à vista: “pessoas sequestradas nas suas casas, em prédios velhos sem elevador”, grande número de atropelamento de peões idosos.
Numa cidade do futuro, adivinha a multiplicação de algumas mudanças que começam a ser feitas. Em Lisboa, estão a ser criadas zonas de limite máximo de velocidade de 30 quilómetros hora. Em 2050, o arquitecto da Câmara de Lisboa Jorge Falcato vaticina que a cidade terá menos carros, haverá “semáforos amigos do peão, que falam e dizem em que rua se está, com um botão que aumenta o tempo de atravessamento”, diz, acrescentando que não se trata de “futurologia. Estas soluções já existem”.
No meio destas mudanças, será que a calçada à portuguesa vai sobreviver? Constata-se que “é um mau pavimento para idosos, facilmente fi ca polido, não tem atrito, faz escorregar”, nota Jorge Falcato. Acredita que não desaparecerá, mas deverá fi car cada vez mais confinada a zonas históricas.
Fonte: Jornal Público

Associação Portuguesa de Psicogerontologia

A Associação Portuguesa de Psicogerontologia-APP, Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos e de âmbito nacional, dedica-se às questões biopsicológicas e sociais inerentes ao envelhecimento e às pessoas idosas, visa a promoção da dignificação, respeito, saúde, autonomia, participação e segurança das pessoas idosas, num quadro de envelhecimento ativo e de solidariedade intergeracional, e de uma sociedade mais inclusiva para todas as idades, promove novas mentalidades e combate estereótipos negativos relativamente à idade e ao envelhecimento.