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Maus-tratos a pessoas idosas: resumo de um estudo

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Maus-tratos a pessoas idosas: resumo de um estudo

Maus-tratos a pessoas idosas: resumo de um estudo feito na comunidade na cidade de Braga
José Ferreira-Alves, Departamento de Psicologia (IEP) da Universidade do Minho

O conhecimento que temos em Portugal do problema dos maus-tratos a pessoas idosas é escasso e pouco fiável. Apesar disso, podemos recorrer a alguns dados publicados por instituições como a APAV  e a Linha do Cidadão Idoso  que, embora não sendo instituições específicas para o conhecimento e acompanhamento dos maus-tratos a pessoas idosas, permitem obter alguns dados reais sobre o fenómeno. Uma outra fonte conhecida é um estudo levado a cabo por nós na cidade de Braga e cujos dados só parcialmente estão publicados no último número da revista de sociologia da faculdade de letras da Universidade do Porto.

O objectivo deste pequeno artigo é, precisamente, o de resumir o conjunto de dados obtido nesse estudo comunitário.

 O estudo ocorreu junto de 104 pessoas idosas que frequentavam 3 centros de dia da cidade de Braga, viviam de forma independente – deslocando-se para o centro de dia pelos seus próprios meios – e apresentavam um bom estado cognitivo. O estudo decorreu através de uma cuidada entrevista, feita em condições de privacidade em cada centro de dia e só após se ter obtido o consentimento informado da pessoa, bem como a sua confiança de que os dados obtidos nunca seriam revelados, nomeadamente no respeitante à sua própria identidade. Do conjunto de dados destaco os seguintes pontos:

a) Apenas 27% dos participantes do estudo não apresentavam qualquer indicador de maus-tratos ou negligência, 29% apresentavam 1 indicador, 11,5% apresentavam dois indicadores, 9,6% três indicadores, 5,8% apresentavam três indicadores e a mesma percentagem 4 indicadores. Uma pessoa apresentava os 15 indicadores de abuso, a totalidade daqueles que pesquisamos

b) Em termos qualitativos, a maioria do abuso aparece sob a forma de negligência (nomeadamente a “falta de óculos, de dentes postiços ou de próteses auditivas” e também o de “ser deixado só por longos períodos de tempo contra a sua vontade”) e de abuso emocional (nomeadamente o de se “sentir sempre sozinho”), seguidos de muito perto pela exploração financeira (nomeadamente dar conta de que lhe falta dinheiro) e de forma mais distanciada pelo abuso físico (nomeadamente o de “sentir medo de alguém em sua casa”).

c) Comparando os valores do abuso com marcadores sociodemográficos, encontramos o seguinte: (1) As mulheres referem significativamente mais abuso do que os homens, com excepção do abuso físico onde não há diferenças significativas entre os géneros; (2) Os valores do abuso emocional são significativamente maiores em quem não tem escolaridade; (3) A idade também aparece significativamente associada ao abuso físico e emocional, favorecendo sempre os grupos de idade mais novos; (4) As pessoas viúvas apresentam significativamente mais indicadores de abuso emocional, quando comparadas com pessoas de outros estados. O ser casado é o estado que está mais associado a menor referência ao abuso; (5) As pessoas que vivem com os filhos são aquelas que mais indicadores de abuso emocional e negligência apresentam, quando comparadas com as pessoas que vivem sozinhas ou com o cônjuge; (6) Finalmente, o factor mais significativamente associado ao abuso emocional, negligência e exploração financeira foi a percepção do estado de saúde, beneficiando as pessoas que têm percepção de saúde boa.

A discussão destes dados não pode ser feita neste espaço. Ficam, aqui, entretanto, para que cada um possa livremente reflectir.
Se o conhecimento da situação dos maus-tratos a pessoas idosas em Portugal é escasso, o seu acompanhamento é ainda mais escasso. Para isso contribui, em nosso entender, a existência de instituições e de legislação não específicas que, por não estarem focalizadas nesse problema, podem estar a dar o seu contributo para ocultar o conhecimento do fenómeno.

José Ferreira-Alves, Departamento de Psicologia (IEP) da Universidade do Minho, Outubro de 2006

Associação Portuguesa de Psicogerontologia

A Associação Portuguesa de Psicogerontologia-APP, Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos e de âmbito nacional, dedica-se às questões biopsicológicas e sociais inerentes ao envelhecimento e às pessoas idosas, visa a promoção da dignificação, respeito, saúde, autonomia, participação e segurança das pessoas idosas, num quadro de envelhecimento ativo e de solidariedade intergeracional, e de uma sociedade mais inclusiva para todas as idades, promove novas mentalidades e combate estereótipos negativos relativamente à idade e ao envelhecimento.